sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Liberdades 3

esta tem de ser uma das melhores representações do que um filho pode e deve ser no pequeno mundo que existe para lá do nosso corpo. numa altura em que a filha do Zé Rui sente as primeiras lufadas de caminho não consigo esconder a gritante necessidade do abraço de demasiada gente, não consigo reprimir o pó debaixo dos meus pés, pó de caminho.

domingo, 25 de novembro de 2007

Liberdades 2





















ninguém te deu um nome ou uma face,
nunca ninguém terá a pretensão de te saber de cor.
mas ama quem precisa de ti como de ar nos pulmões.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Liberdades 1
















mesmo que a queira e deseje toma-a
amo-a ainda mais.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007


não parti a caminho, nem consegui explodir e perder as palavras contidas no centro da praça de todos. a última vez que me vi a caminho ia debilitado fisicamente. sinto-me, por agora, debilitado sentimentalmente, não me doem os pés, nem tenho bolhas do caminho mas o coração está apertado e nem eu nem ninguém me pode dar ar se eu não o quiser.

- recuso-me a não querer ar.

- recuso-me a ter mais pés que coração.

- recuso-me a abandonar as asas que deus me deu.

- recuso-me a dizer o que deve ser dito, recuso-me ainda mais a não dizer o que não deve ser dito

- recuso-me a ter medo do meu caminho, por mais escuro, estreito, difícil que ele seja

- recuso-me a ter medo de escutar demasiado perto o coração de quem me ama

segunda-feira, 30 de julho de 2007

...


É com um profundo sentimento de confissão que me encontro sempre que actualizo de um modo mais ou menos inteligível este blog. O teorema da escrita pode depender do tempo de inspiração ou de outro força divina; agora o teorema da partilha obriga naturalmente a uma maturação do que realmente pode e deve ser dito.

por estes dias descanso profundamente com ar de dever cumprido, alguém me dizia: finalmente de férias... sinto já o pequeno burburinho de preocupações de duvidas e pequenos abalos que se avizinham, crescemos muitas vezes sem notar e de repente sem ninguém nos avisar as nossas prioridades deixam de ser as birras e os pequenos desejos de miúdo, somos lançados demasiado rápido ao rio como peixe que ainda não sabe nadar. ninguém nos ensina o ofício de viver nem de viver como prenúncio de morrer, não nos dão ferramentas apenas um coração e umas asas pequenas para voar.










o meu pai anda atarefado com a casa nova; a ana diz-me que me ama; fui à Póvoa, e nem cheiro a maresia ou a beleza das pessoas que vivem do mar e para o mar se perdeu; adormeci na praia e apanhei um escaldão a senhora minha mãe diz-me que não pôs protector, nem ela nem eu percebemos que somos pequenos caminhos de pedras banhados por uma outra luz.

domingo, 8 de julho de 2007

geometrias

descobrimos por vezes membros espalhados por dentro de nós,
alguns são nossos como espaços pequenos onde mais ninguém pode chegar,
espaços por dentro das garagens e das estantes,
do alabastro ou do granito.
outros são sinais para caminhos distantes de peregrinos
que erram para dentro de nós; ou são metas demasiado profundas
para escavarmos ou a dor inerente a eles, está ainda incrustada para lá do nosso corpo

ninguém me disse que o barulho do meu peito vem do coração
nem lhe pus as mãos, os olhos ou a boca para saber a sua forma
para saber que rumos havia a dentro da minha pele
temo pelo ruído que parece do meu corpo, pelo grito demasiado distante para lhe perceber a dor ou o jubilo.

ninguém me disse, ainda, que por vezes
estamos demasiado perto de outros corações ou que escavamos
demasiado fundo no corpo de alguém,
temo. tenho medo de acabar com a mão no meu coração perdido
no espaço preciso entre quem me escuta ou quem me toca

fidelidades

sinto falta de compromissos,
das duas uma, ou os exames eclipsaram tudo o resto, ou eclipsei tudo o resto por causa dos exames....

«Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás de uma cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro, onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema constituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho, pintor – sendo o vermelho o nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente que assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas, como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou o peixe amarelo.»

Herberto Helder

domingo, 1 de julho de 2007




gostava muito de viver num mundo onde todos acreditassem que é possivel ter asas para voar.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Caminhos

decidi hoje que não vou acompanhar alguns dos meus mais importantes amigos, do meu passado recente, num curso de escrita criativa em barcelona. estar debilitado fisicamente pode mas não deve de ser uma das minhas "desculpas" para não caminhar. pode mas não devia de ser uma dessas desculpas o meu exame de matemática no dia 13 de Julho. pode mas também não devia de ser um pseudo exame a minha capacidade de memória de curto prazo a decidir grande parte do meu futuro. nunca pode ser de animo leve que se podem decidir caminhos futuros e imutáveis (ou dificilmente) quando alguém decidi ainda antes de nós que somos obrigados a faze-lo em pouco mais do que 120minutos...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Hoje


hoje deu-me para "blogar", não tenho o hábito de o fazer, nem a paciência ou a responsabilidade de deixar nascer e crescer um blog, ou a responsabilidade de o olhar como um filho que precisa de alimento e atenção

o meu lugar na mesa

acredito que cada pessoa tem lugar a uma mesa, para comer, para aprender. descobri-mos, tarde por vezes, com quem nos sentar-mos à mesa. passamos anos atrás das metas erradas, e perdemos os nossas pedaços de céu.

descobri tarde o caminho de S.Tiago, andei perdido no meu lugar na mesa durante muito tempo. mesmo que supostamente enterrado nos bosques e vales da Galiza nunca perdemos o sentido a liberdade de mesa, ou de caminho.

passei anos sozinho entendendo a realidade como sermos como as pessoas nos querem, não como nos sentimos. de irmos pelos caminhos que alguém (muitos vezes sem autoridade) nos comanda a seguir.


a minha mesa tem de existir no meu coração, dentro da catedral quando chegamos a S.Tiago, tem de existir sempre demasiado perto do coração de quem me ama.

mesa


do Lat. mensa

s. f.,
móvel, normalmente de madeira, sobre que se come, escreve, etc.